Cruz Credo: a Laranja Mecânica da Vila Formosa

Formado em 1977, o A.A Cruz Credo é um dos clubes tradicionais do futebol de várzea de São Paulo. Assim, seguindo a nossa coluna Categoria de Várzea, o assunto de hoje é a Laranja Mecânica da Vila Formosa, que conquistou, em 1998, a IV Copa Kaiser/Semer de Futebol Varzeano e o coração dos moradores do seu bairro de fundação.

A FUNDAÇÃO

Tudo começou com uma conversa informal entre amigos, enquanto jogavam bilhar no bairro da Vila Formosa, município da Zona Leste da cidade de São Paulo. Desde já, os principais responsáveis pela ideia foram Antônio José de Carvalho Filho (Carvalho), árbitro de futebol da Federação Paulista de Futebol, e Oswaldo Grande (Nenê). Com isso, deram prosseguimento à ideia e começaram a chamar moradores da região que jogavam. 

Posteriormente, foi no dia 15 de novembro de 1977, na Rua Ituri, em uma reunião, que elegeram o nome e deu-se a fundação do time. Diante disso, o grupo de amigos não imaginava que a Associação Atlética Cruz Credo entraria para a história do futebol de várzea. E não esperavam que entrariam principalmente para o coração dos moradores da Vila Formosa. 

AS CORES 

Antes de mais nada, as cores do A.A Cruz Credo foram relacionadas ao uniforme. O Sr. Carvalho, idealizador do time e que trabalhava no controle de zoonoses da Prefeitura Municipal, tinha um fardamento nas cores laranja e preto. Ele os emprestou para que a equipe pudesse realizar seu primeiro jogo de futebol. 

Desde então, as cores laranja e preto caíram no gosto de todos e foi assim que passou a fazer parte do distintivo. Assim como o uniforme, o escudo também teve relação com o centro de zoonoses. A caveira, que fazia parte do fardamento do Sr. Carvalho, foi mantida, e o complemento do brasão foi inspirado no escudo do Santos FC.

Cruz Credo com seu uniforme tradicional em jogo válido pela Copa Kaiser.
Foto/Divulgação/A.A Cruz Credo.

O TÍTULO DA COPA KAISER 

Ao longo da competição, o clube fez 30 gols e sofreu apenas 16 em 19 jogos. O clube foi um rival indigesto para seus adversários e teve uma campanha muito sólida. Dessa maneira, foram 11 vitórias, seis empates e apenas duas derrotas. Em suma, naquele ano, a competição teve 160 equipes. Foi então que, no dia 28 de novembro, em campanha que teve início em abril, que o Cruz Credo tornou-se o campeão. Ao passo que era um time jovem e com futebol alegre, que foi a grande surpresa do campeonato, enfrentou a equipe do A.A Boa Esperança (São Matheus), campeão da edição de 1996 e cotada como favorita no confronto. 

Elenco com a taça da Copa Kaiser de 1998. Foto/Divulgação/A.A Cruz Credo.

Dessa forma, com público estimado de seis mil pessoas, no campo do Nacional, que Rinaldo (Loiro), aos 34 minutos do 2º tempo, fez o gol. O tento saiu após pênalti sofrido por Ronaldo, que acabou consagrando sua equipe como campeã da IV Copa Kaiser/Semer de Futebol Varzeano. O título é o mais importante da história do time, que é conhecido como A Laranja Mecânica da Vila Formosa, em alusão à Seleção da Holanda de 1974.

Público presente no estádio do Nacional, na final do torneio. Foto/Divulgação/A.A Cruz Credo.

JOIAS DA VILA FORMOSA

Acima de tudo, além do título, o time seguiu a jogar a competição em edições posteriores e teve um papel muito importante na vida de muitos de seus jogadores. Assim também, foi responsável por revelar atletas para o mundo. Desse modo, no ano de 2001, Douglas (Dodo) foi jogar na Suíça, no Bellinzuna. Além de Fufi, que disputou a primeira fase da Copa Kaiser, e foi jogar futebol de salão na Espanha. Bem como, em 2001, em sua 7ª participação, revelou mais um jogador para a Europa: Paulinho (Roxo), que foi para o Gezano, na Itália.

Em síntese, vale ressaltar uma curiosidade que poucas pessoas sabem: Carlos Eduardo (Duzinho), que fez parte dos suplentes no jogo da final e entrou no lugar de Ronaldo, é tio do jogador Malcom (ex-Corinthians), que atualmente joga no Zenit, da Rússia. Além disso, o jogador é também neto de Nenê, citado anteriormente.

O DONO DO GOL HISTÓRICO 

Nascido em 1979, Rinaldo Putrini Junior, o Loiro, ainda nem existia quando o Cruz Credo foi fundado. Antes de mais nada, o apelido surgiu por conta da cor do cabelo dele de quando era criança, e é conhecido assim até hoje. Anteriormente, ele começou a jogar no clube com 13 anos de idade. Mal sabia o que o futuro lhe reservava.

Ao ser perguntado sobre aquela final, Loiro considera o jogo mais marcante com a camisa do Cruz Credo, pelo número do público presente e porque foi a partida que concretizou e colocou o nome do clube em maior evidência. Artilheiro daquela partida com gol solitário, foi ele quem tomou para si a responsabilidade de bater o pênalti histórico.

FAZENDO HISTÓRIA

À primeira vista, usando a camisa 10, Loiro assumiu o protagonismo na Copa Kaiser de 1998 e fez jus ao número que carregou nas costas. Para ele, a sensação de fazer o gol que consolidou aquela campanha e lhes deu o título foi de alívio misturado com alegria.

Na hora do jogo ali é difícil a gente pensar nisso e ver qual a importância do gol. A gente só vai ter a dimensão disso quando termina o jogo, que você vê a torcida, os jogadores comemorando. Pode ver que passaram-se 20 anos, e a gente está falando sobre esse gol. Foi a sensação de alívio, misturado com alegria, a gente correndo para a arquibancada abraçar o torcedor. Foi bem inesquecível para nós”, conta.

Nesse ínterim, suas principais características como meio-campista era na armação de jogo. Em síntese, naquela edição, Loiro fez seis gols e foi eleito o melhor jogador da partida em quatro oportunidades. Enfim, nesse contexto, ele tem seu nome marcado para sempre na história do Cruz Credo, com o gol mais importante do clube.

Loiro (ajoelhado) comemora o gol de pênalti que deu o título ao Cruz Credo. Foto/Divulgação/A.A Cruz Credo.

ESCALAÇÃO DA FINAL

  • 1 – Itao (goleiro);
  • 2 – Flávio;
  • 3 – Xicuca;
  • 4 – Val;
  • 5 – Flavinho;
  • 6 – Paulinho;
  • 7 – Marcelo;
  • 8 – Carlinhos;
  • 9 – Ronaldo
  • 10 – Loiro;
  • 11 – Bozó
  • Técnico – Donizeti.

Foto destaque: Divulgação/A.A Cruz Credo

Por: Marcos Macedo

Eric Filardi
Eric Filardi

Sou Eric Filardi, paulistano de 28 anos, criado em Taboão da Serra, jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo e apaixonado por futebol. Como todo jornalista amo escrever. Como todo brasileiro amo futebol. Tenho meu clube e minhas preferências, mas viso o profissionalismo e a imparcialidade, sem deixar de lado a criatividade. Sou Tricolor, Peixe, Palestra e Timão. Sou da Colina, Glorioso, Flu e Mengão. Sou brasileiro, hermano, francês e italiano. Sou Ghiggia, Paolo Rossi, Caniggia e Zidane. Sou Alemanha dos 7 x 1, mas que o povo não se engane. Também sou Ronaldo, Romário, Zico, Garrincha e Pelé. Sou Bundesliga, MLS, Eredivisie e Premier. Sou das várzeas e dos terrões. Sou Clássico das Multidões. Sou Sul, Nordeste, Amazônia e Pantanal. Sou Galo, Raposa, Bavi e Grenal. Sou Ásia e África. Sou Barça e Real. Sou as Américas, a Europa, sou o mundo em geral. Sou a festa nas arquibancadas que o estádio incendeia: sou Futebol na Veia.

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