Gilberto dos Santos: o brasileiro pioneiro no futebol equatoriano

Gilberto dos Santos, natural de Pernambuco, Nordeste do Brasil, chegou na LDU de Quito em 1960 para fazer história. O habilidoso ponta-esquerda foi o primeiro jogador brasileiro a atuar nos gramados equatorianos, sendo também o primeiro a conquistar títulos e fazer gols por lá. Este brasileiro é o tema da coluna Pela Linha do Equador desta semana. Assim, iniciou sua jornada conquistando o Regional de Quito, denominado Inter Andino. Logo, tendo o direito de disputar o Nacional do Equador. O futebol equatoriano daquela época vivia seus primeiros passos para o profissionalismo.

Por isso, em 1957, chegou-se a um acordo para que as duas melhores equipes dos campeonatos regionais, de Quito e Guayaquil, disputassem um torneio para decidir o campeão nacional. Assim nasceu o Campeonato Nacional Equatoriano que, depois de não ter sido disputado por dois anos seguintes, voltou a ser organizado em 1960 com oito equipes (quatro de cada federação) e, a partir daí, sendo disputado anualmente.

A LDU estreou nessa 2ª edição do Equatoriano, por isso Gilberto fez parte do primeiro campeonato nacional pelos Albos. Comandada pelo brasileiro José Gomes Nogueira, a equipe de Quito disputou pela primeira vez o grande clássico nacional contra o Barcelona de Guayaquil, dia 5 de novembro de 1960, sendo derrotado por 4 x 0. Assim, com apenas uma vitória no torneio, os Albos terminaram o certame no 6° lugar, com cinco pontos em oito partidas.

O PRIMEIRO ENCONTRO DE GILBERTO COM O REI

Em 1961, o treinador brasileiro, José Gomes, foi tentar a sorte na Seleção Peruana, enquanto o ponta-esquerda ficou por mais dois anos na LDU. Durante esse período em Quito, Gilberto conquistou o bicampeonato regional, em 1960 e 1961, participou de 20 partidas e fez quatro gols para os Merengues. Porém, foi em 1962 que ele fez sua partida mais especial da carreira, no amistoso contra o super Santos, de Pelé, que estava em excursão pela América do Sul.

Então, aconteceu seu primeiro encontro com o Rei do Futebol, onde ele pode ver de dentro de campo toda a habilidade daquele incrível time de Pelé e Pepe, que marcaram três gols cada. Além disso, Gilberto ainda teve a felicidade de fazer um gol, nessa que foi a primeira partida da história entre LDU e Santos. O jogo, que ocorreu dia 14 de janeiro de 1962, no Estádio Olímpico Atahualpa, em Quito, e terminou 6 x 3 para equipe brasileira.

Foi nesse ano também que começou uma invasão de jogadores brasileiros no Equador. Na LDU, Porfidio Pereira Neto, o “Fifi“, chegou para fazer companhia ao pioneiro Gilberto. Porém, os dois só jogaram juntos por um ano, pois, após o fim do contrato, o pernambucano foi contratado pelo 9 de Octubre, em 1963. Portanto, o atleta disputou outra vez o torneio equatoriano pelo seu novo clube, terminando com apenas uma vitória e um empate em cinco jogos.

MUDANÇA DE ARES

Após essa breve passagem pelo 9 de Octubre, o atleta seguiu viagem para o FBC Melgar, no Peru, em 1966. Então, Gilberto dos Santos foi de novo um pioneiro ao jogar o primeiro Campeonato Descentralizado Peruano, pois, pela primeira vez times de fora de Lima e Callao foram convidados para participar, sendo assim considerado um campeonato nacional.

Por ter sido campeão regional de 1965, o time de Arequipa e mais três clubes do interior foram convidados para estrear, junto com outras 10 equipes de Lima e Callao, no Nacional Peruano de 1966. Por isso, o Melgar contratou o experiente Gilberto para atuar como jogador e também como técnico. Assim, o brasileiro foi de novo pioneiro nessa dupla função no futebol peruano e começou bem o torneio vencendo o Defensor Lima por 1 x 0.

Apesar de ter feito uma boa competição, com 12 vitórias, quatro empates e 10 derrotas, sua equipe acabou rebaixada pelo regulamento absurdo daquele ano. Isso porque as quatro equipes convidadas deveriam ficar acima da metade da tabela para manter a permanência na 1ª divisão, ou seja, um 7° lugar no mínimo. Assim, o “técnico-jogador” brasileiro terminou a temporada em 8° lugar, com dois gols marcados e com o gosto amargo do descenso.

O segundo encontro com Pelé

Foi nesse ano também que o antigo atacante, que era zagueiro nesse fim de carreira, enfrentou pela segunda vez o Santos de vossa majestade. Porém, dessa vez Gilberto não entrou em campo, atuando apenas como técnico no amistoso que terminou 1 x 1, dia 6 de fevereiro de 1966, em Arequipa. Foi um jogo histórico para o time rubro-negro que, com muita garra, venceram o 1° tempo, cedendo o empate na 2ª etapa. Mesmo assim, foi um resultado muito comemorado pelos torcedores peruanos que lotaram as arquibancadas do estádio Mariano Melgar para ver o Rei Pelé.

Então, após o bom ano de 1966, Gilberto continuou seu trabalho na temporada seguinte apenas como treinador. Assim, o histórico atleta participou também da primeira Copa do Peru, criada em 1967 como uma 2ª divisão do Nacional para as equipes do interior, onde o campeão ganhava a vaga para o principal torneio nacional. Apesar da boa campanha na Copa, o Melgar ficou em 4ª lugar e não conseguiu a promoção. Porém, Gilberto ainda conquistou seu último título no futebol ganhando o Regional de Arequipa daquele ano.

A DESPEDIDA DE GILBERTO DO FUTEBOL

Após o bom trabalho nesses dois anos no Melgar, o brasileiro ficou fora do esporte por um bom tempo, até retornar a equipe rubro-negra em 1976. Assim, ele voltou ao futebol pela última vez para treinar um time que vivia em uma crise entre diretoria e atletas. Por isso, ele ficou apenas dois jogos e foi substituído pelo jogador Pitín, que assumiu a dupla função, como Gilberto havia feito há 10 anos.

Por fim, após o breve retorno, não há mais registros desse grande brasileiro no futebol. Gilberto dos Santos foi um desbravador nos campos sul-americanos, pioneiro em vários campeonatos e clássicos do futebol equatoriano e peruano. Além disso, deixou seu nome pela eternidade do futebol como o primeiro brasileiro a disputar uma partida oficial no Equador.

Foto destaque: Reprodução / Diário do Peixe

Eric Filardi
Eric Filardi

Sou Eric Filardi, paulistano de 28 anos, criado em Taboão da Serra, jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo e apaixonado por futebol. Como todo jornalista amo escrever. Como todo brasileiro amo futebol. Tenho meu clube e minhas preferências, mas viso o profissionalismo e a imparcialidade, sem deixar de lado a criatividade. Sou Tricolor, Peixe, Palestra e Timão. Sou da Colina, Glorioso, Flu e Mengão. Sou brasileiro, hermano, francês e italiano. Sou Ghiggia, Paolo Rossi, Caniggia e Zidane. Sou Alemanha dos 7 x 1, mas que o povo não se engane. Também sou Ronaldo, Romário, Zico, Garrincha e Pelé. Sou Bundesliga, MLS, Eredivisie e Premier. Sou das várzeas e dos terrões. Sou Clássico das Multidões. Sou Sul, Nordeste, Amazônia e Pantanal. Sou Galo, Raposa, Bavi e Grenal. Sou Ásia e África. Sou Barça e Real. Sou as Américas, a Europa, sou o mundo em geral. Sou a festa nas arquibancadas que o estádio incendeia: sou Futebol na Veia.

Articles: 1498
Segundona Brasil by FNVSports > Blog > Brasileirão Série B > Gilberto dos Santos: o brasileiro pioneiro no futebol equatoriano