Mudança de nome do Maracanã: Benéfica ou prejudicial?

A população brasileira e, principalmente, os cariocas, surpreenderam-se com uma notícia no começo deste mês. A ALERJ (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) aprovou, em caráter emergencial, a mudança de nome do Estádio Jornalista Mario Filho, o Maracanã, para Estádio Edson Arantes do Nascimento – Rei Pelé. Então, a mudança do nome só depende agora da aprovação do governador em exercício Claudio Castro. Contudo, o complexo poliesportivo onde está abrigado o estádio, passaria a ter o nome do jornalista Mario Filho.

Quem foi Mario Filho?

Antes de mais nada, é bom entender quem foi o jornalista Mario Filho, e porque seu nome está no estádio mais famoso do Brasil. O jornalista era diretor do renomado “Jornal dos Sports” e redator do “O Globo“, e sempre usou sua reputação em prol do esporte.

A história do Maracanã começa em 1943, quando o presidente da FIFA Jules Rimet anunciou que em 1950 não teria Copa do Mundo na Europa. Então, o Brasil surgiu como principal candidato a realizar esta copa, contudo, teria que se realizar uma grande obra no país. Logo, o futuro governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda desejava um estádio de futebol em Jacarepaguá, na zona oeste carioca.

Todavia, Mario Filho queria que o estádio fosse construído no antigo Derby Club, lugar destinado a corrida de cavalo, e levou este projeto para o prefeito do Distrito Federal do Rio de Janeiro, Marechal Ângelo Mendes de Moraes. Como o Marechal era inimigo político de Carlos Lacerda, ele deu continuação ao pedido do jornalista.

Entra a influência de Mario Filho

Então, coube ao jornalista convencer a população carioca de que sua ideia era o melhor para a cidade, para que Marechal Ângelo tivesse apoio da população e, principalmente, apoio político. E Mario Filho fez isso magnificamente, defendendo que o estádio deveria ficar em um lugar que fosse o centro geométrico da cidade, local de acesso fácil por vários meios de transporte.

Além disso, o jornalista defendeu que o estádio tivesse uma capacidade gigantesca, para mais de 150 mil pessoas. O projeto foi muito aceito após vários debates políticos. E seu projeto final foi aprovado com capacidade superior a 155 mil pessoas, sendo 93 mil lugares com assento, 31 mil lugares para pessoas em pé, 30 mil cadeiras cativas, 500 lugares para a tribuna de honra e 250 para camarotes. É importante ressaltar que teve direito a cadeiras cativas, as pessoas que contribuíram financeiramente para a construção do estádio.

E o estádio inaugurou-se no dia 16 de junho de 1950, oito dias antes do início da Copa do Mundo de 1950, com a presença de Mario Filho nas cadeiras. Todavia, inaugurou-se a arena como “Estádio Municipal Mendes de Moraes”. E apenas em 1966, o Maracanã foi rebatizado de “Jornalista Mário Filho”, em respeito ao seu maior entusiasta, que havia falecido um mês antes.

Mário Filho, o jornalista que fez com que o Maracanã fosse mais acessível à todos. (foto: reprodução/Lance)

Então, por que mudar o nome?

O autor do projeto de lei que quer mudar o nome do estádio para Edson Arantes do Nascimento – Rei Pelé, o deputado André Ceciliano (PT), defendeu a homenagem em vida ao ex-jogador do Santos e da Seleção Brasileira:

– A Assembleia Legislativa aprovou uma homenagem ao maior esportista do século, o nosso querido Rei Pelé. Nada mais justo que dar o nome do Rei ao maior estádio do mundo. Pelé fez história no Maracanã. Dos sete títulos ganhos pelo Santos, seis foram no Maraca, sendo dois Mundiais. Foi no Maracanã que o Pelé fez o gol mil. E também no estádio que ele vestiu o manto sagrado, o manto Rubro-Negro – declarou André Ceciliano

Contudo, existe uma mobilização popular para que o governador do Rio de Janeiro vete a decisão de ALERJ e mantenha o nome de Mario Filho no “Maior Estádio do Mundo”. Além disso, várias personalidades e pessoas especializadas em esporte reprovam a decisão. Ainda mais em caráter emergencial, no pior momento da pandemia de COVID-19 no Brasil.

Foto Destaque: Divulgação/Alexandre Vidal/Flamengo

Eric Filardi
Eric Filardi

Sou Eric Filardi, paulistano de 28 anos, criado em Taboão da Serra, jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo e apaixonado por futebol. Como todo jornalista amo escrever. Como todo brasileiro amo futebol. Tenho meu clube e minhas preferências, mas viso o profissionalismo e a imparcialidade, sem deixar de lado a criatividade. Sou Tricolor, Peixe, Palestra e Timão. Sou da Colina, Glorioso, Flu e Mengão. Sou brasileiro, hermano, francês e italiano. Sou Ghiggia, Paolo Rossi, Caniggia e Zidane. Sou Alemanha dos 7 x 1, mas que o povo não se engane. Também sou Ronaldo, Romário, Zico, Garrincha e Pelé. Sou Bundesliga, MLS, Eredivisie e Premier. Sou das várzeas e dos terrões. Sou Clássico das Multidões. Sou Sul, Nordeste, Amazônia e Pantanal. Sou Galo, Raposa, Bavi e Grenal. Sou Ásia e África. Sou Barça e Real. Sou as Américas, a Europa, sou o mundo em geral. Sou a festa nas arquibancadas que o estádio incendeia: sou Futebol na Veia.

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