Cienciano: Há 18 anos, equipe inca fazia história na Copa Sul-Americana

Na coluna Guerreiros de Cubilla desta semana, falaremos de uma campanha incrível, ocorrida no início da década passada. Há 18 anos, o Club Cienciano transformou-se no primeiro clube peruano a conquistar uma competição continental. Deixou para atrás gigantes em sua caminhada. Logo após, faturou a segunda edição da Copa Sul-Americana. Foi uma das campanhas mais icônicas que o futebol da América do Sul já presenciou.

A história do clube começou em 8 de julho de 1901, em Cusco, antiga capital do Império Inca, no atual Peru. A equipe acumulou títulos nos campeonatos citadinos de Cusco desde o início do século, mas não conseguiu alcançar grande expressividade no resto do país. Foi figurinha carimbada na elite a partir de 1973, sete anos após a criação da Liga Profissional Peruana. Contudo, os Cusqueños eram apenas figuras decorativas no meio da tabela.

Ascensão

Algo que mudou a partir de 2001, quando a equipe celebrou o centenário e investiu no quadro de jogadores. Logo após, o clube terminou o Campeonato Peruano na segunda colocação e conquistou a classificação inédita à Libertadores. O time fez um papel exemplar no torneio da CONMEBOL e avançou aos mata-matas. Eliminou o 12 de Octubre e Oriente Petrolero na fase de grupos e terminou na segunda colocação da chave liderada pelo brasileiro Grêmio. Porém, nas oitavas de final, o América, do México, os eliminou.

Em 2002, ficou em terceiro lugar no Campeonato Peruano. Já em 2002, se classificou à Copa Sul-Americana do ano seguinte (2003). Uma ocasião que foi muito bem-vinda aos Cusqueños.

A competição dava os seus primeiros passos, após a edição inaugural vencida pelo San Lorenzo. Já em 2003, todos os países filiados à Conmebol entraram na competição, disputando fases regionais até a expansão da disputa. A equipe, de qualquer forma, não conseguiu escapar dos times tradicionais desde o início da caminhada.

O principal protagonista da campanha foi o goleiro argentino Óscar Ibáñez. Em uma entrevista, ele revelou que Juvenal Silva, ex-presidente do clube, o chamou para reforçar o Cienciano, mas que sua única dúvida era se conseguiria se adaptar à altitude, porque sempre sofreu em Cusco. Ele assinou 6 meses, mas ficou por 4 anos.

O Cienciano se valeu da experiência de Juan Carlos Bazalar, multicampeão com Universitario e Alianza Lima. A equipe se preparou e estava em sintonia para enfrentar qualquer adversário. Era chegada a hora do clube dos incas se lançar ao mundo.

A estreia do Cienciano

A estreia na Copa Sul-Americana aconteceu contra o Alianza Lima, na fase nacional. Todavia, este foi um primeiro desafio que deixou bem claro o potencial do Cienciano.

Em Cusco, os anfitriões foram perfeitos com a goleada por 4 x 0. Vantagem importante que segurou a pressão na visita a Santiago, no Chile, contra o Universidad Católica quando perdeu por 3 x 1 e ainda assim ficou com a vaga, nesta que foi a única derrota de toda a caminhada da equipe.

Embate com o então poderoso Santos

O embate com o Santos, que na época era o atual campeão brasileiro, vice da Libertadores da América e treinado por Emerson Leão, esquentou. A primeira barreira foi segurar o potente ataque do time da Vila Belmiro, inclusive foi na casa do Alvinegro Praiano que a bola rolou.

No entanto, o Santos teve uma atuação fraca contra o Cienciano. Aos 26′ do segundo tempo, o time de Cusco abriu o placar com um gol achado, em bizarro desvio de Alex contra as próprias redes. Entretanto, sete minutos depois, Robinho acertou um belo chute de fora da área, empatado o duelo.

River Plate x Cienciano

O argentino River Plate foi o adversário do Cienciano na decisão. O River pressionou durante todo o primeiro tempo, diante de um inusitado anfitrião. Óscar Ibañez acumulou grandes defesas e desviou um ataque de Marcelo Gallardo rumo à trave. A equipe peruana bateu os argentinos por 4 x 3. Logo após e quase que imediatamente, iniciou-se um dos maiores triunfos de um time numa Copa Sul-Americana. Cusco vibrou e a capital inca voltou ao mapa com todo seu esplendor.

Cienciano nos dias atuais

Antes de tudo, em 2004, perdeu Freddy Ternero após a conquista da Recopa Sul-Americana, para ser o comandante da Seleção Peruana. Em seguida, Ternero tentou a sorte na política.

Foi eleito prefeito da cidade de San Martín de Porres, por dois mandatos. Mas, em 18 de setembro de 2015, nove meses após deixar a municipalidade, o ídolo do clube faleceu, vítima de câncer. A homenagem aos campeões de 2003, entretanto, cada vez mais, tornou-se um tributo ao homem que tornou o sonho possível e liderou a equipe ao seu auge.

Em síntese, foi o único clube do país com um título continental na liga nacional. O sucesso, todavia, não se manteve. Passando por crises internas na virada da década, o Cienciano perdeu relevância no cenário local, até que, em 2015, veio o pesadelo do rebaixamento.

Foto destaque: Reprodução/Conmebol

Eric Filardi
Eric Filardi

Sou Eric Filardi, paulistano de 28 anos, criado em Taboão da Serra, jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo e apaixonado por futebol. Como todo jornalista amo escrever. Como todo brasileiro amo futebol. Tenho meu clube e minhas preferências, mas viso o profissionalismo e a imparcialidade, sem deixar de lado a criatividade. Sou Tricolor, Peixe, Palestra e Timão. Sou da Colina, Glorioso, Flu e Mengão. Sou brasileiro, hermano, francês e italiano. Sou Ghiggia, Paolo Rossi, Caniggia e Zidane. Sou Alemanha dos 7 x 1, mas que o povo não se engane. Também sou Ronaldo, Romário, Zico, Garrincha e Pelé. Sou Bundesliga, MLS, Eredivisie e Premier. Sou das várzeas e dos terrões. Sou Clássico das Multidões. Sou Sul, Nordeste, Amazônia e Pantanal. Sou Galo, Raposa, Bavi e Grenal. Sou Ásia e África. Sou Barça e Real. Sou as Américas, a Europa, sou o mundo em geral. Sou a festa nas arquibancadas que o estádio incendeia: sou Futebol na Veia.

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